quarta-feira, 21 de julho de 2010

O Pesar do meu Sentir...

De que vale sentir, se tudo dói?
E se essa dor, a alma corrói,
Penso que todo sentimento destrói.

O sentir faz aflorar água dos olhos,
que queimam o rosto na mesma emoção...
Penso que o sentimento, deturpa a visão.
Se a lágrima escorre pelo rosto,
sinto o gosto salgado da minha expressão.

O adorar silencioso, do objeto de desejo,
está para a alma tal qual o veneno ao corpo,
que aos poucos debilita os sentidos,
e abre caminho para a morte, num lampejo.

O frenesi momentâneo do estar junto,
nunca faz-se uma paga justa,
pela melancolia que arrebata o outro dia,
quando no frio do meu quarto me pergunto,
quanto tempo levará, para novamente,
suprir essa minha mente insana,
desse doce ópio de loucura ardente.

C. Camargo

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Papai do Céu


Quando eu era bem pequeno,
Minha mãe sempre dizia,
Que lá no céu existia,
Um tal senhor Nazareno.

Quando o céu nublava,
E trovões e raios surgiam
Ela sempre me enganava,
Quando os pingos caíam,
Parece que o pai do céu chorava.

Quando o céu forte gritava,
O Senhor estava tão zangado
Que de pesar não se agüentava,
Por todos os nossos pecados.

Eu inocente acreditava,
Que nosso pai sempre nos olhava,
Que protegia e cuidava,
Que por nós, zelava e amava.

Mas comecei a questionar,
Quando eu me punha a orar,
Se ele era de repente surdo,
Ou se me ouvia e ficava mudo.

Depois pensei que eu não era digno,
De entender o tais desígnios,
De sua grande sabedoria e grandeza,
Por só trazer em minha vida, tristeza.

Quando eu era bem pequeno,
Minha mãe dizia,
Pra eu sempre agradecer...

Então eu de joelhos caio,
Oh meu grande pai do céu,
Senhor da complacência e do amor,

Agradeço a ti somente o que tenho,
Obrigado por toda essa DOR,
Obrigado pelo seu desdenho,

Oh meu grande pai do céu,
Obrigado por fazer da minha vida,
a ser sempre julgado por ti,

No seu banco um eterno Réu.
Obrigado por fazer a minha vida,
Ter um prazeroso gosto de féu.

terça-feira, 6 de julho de 2010

O canto das crianças mortas

Quando morre uma criança,
É quando a farsa vira sua dança,
Quando se tira sua esperança
Tomando-lhe a caneta e o papel.

Quando morre uma criança,
É quando arrumam sua lambança,
E quando roubam seus sonhos de natal
Quando não há mais o Noel...

Quando tiram seus brinquedos,
E colocam em suas pequenas mãos
Todo o peso dos seus medos
Quando as soltam de um colo,
E as deixam sozinhas pelo chão.

É quando deixam de lhes dar atenção,
Achando que já ficaram grandes,
E que não precisam da sua mão.

Quando morre uma criança,
É quando as fazem chorar sozinhas,
Quando lhe ferem o coração.
Quando as pessoas deixam de se amar
E não se tratam mais como irmãos.

É quando acabam com sua inocência,
Quando fazem com que cresçam,
Mesmo sem terem crescido,
Quando de uma mãe ou pai,
Choram de carência.