segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Maldição de Mim


Disse-me alguém, certa vez,
que quando nos machucamos,
nas inevitáveis e imprevisíveis vezes que a vida nos arrebata,
devemos pensar de jeito tal,
que a partir daquele momento,
ainda que com dor imensa,
estamos nos curando...a cada segundo.

E digo-vos com profunda reflexão e verdade...
Quisera eu não ter mergulhado tão fundo no campo do conhecimento...
Pois deveras belo é este olhar acerca da vida,
este que alguém certa vez, disse-me com brilho nos olhos.

Quisera eu impedir minha mente de questionar tal perspectiva,
para escrever uma verdade real em meu livro da alma...
E construir uma ponte de fé para cruzar as águas negras,
que formaram-se pelas chuvas de ceticismo e dúvidas,
e que ácidas tornaram-se ao lavar a dor e vazio de meu espírito.

Quisera eu acreditar, fosse em qualquer ilusão proferida...
Destas que dizem os que pensam ter encontrado a verdade.

Mas penso que os convictos de sua própria razão,
tornam-se os sábios da tolice e cegos de sua insignificância...

E ainda pensando de tal maneira, eu os invejo profundamente...
Pois a única certeza que carrego comigo, a minha verdade terrena...
É que a minha verdade não encontra-se neste mundo.

Sou portanto, em verdade, a pedra que não encaixa na arquitetura dos homens.
Sou o andarilho que chegou ao fim da estrada, e não encontrou seu nirvana, e ao confrontar sua decepção, não vislumbrou uma razão para voltar.

Hugo Roberto Bher
# O Poeta do Escuro


terça-feira, 16 de outubro de 2012

O Menino Cinza


Hoje está chovendo…
E ele, o menino triste,
sabe das águas que caem...
Aprendeu há tempos, o menino,
que a chuva traz dor.

E ele, o menino triste,
sabe muito sobre a dor...
Aprendeu há tempos, o menino,
que a alma também sangra

Hoje está chovendo,
E sabe ele, o tal menino,
que a chuva traz o frio,
e de frio, muito sabe, o menino...
Aprendeu há tempos, porquanto,
que o Sol foi, não mais do que um sonho bom.

Hoje está chovendo,
E ele, aquele menino...
Junto com queda torrente dás águas do céu,
assim bem de mansinho, fez também chover...
De seus olhos, até o chão...salgadas lágrimas,
que brotavam de lugar distante, que fez, o menino...
Sentir bater, seu sofrido coração...

E Ele, o menino, de outrora recordou,
que um dia já amou,
e com esperanca, lembrou
de um homem do céu, que tudo criou,
e tão alto, ele gritou,...
... e a chuva, de súbito parou.

Mas logo, o silencio em resposta soprou,
e sentiu, o menino, um pingo de chuva,
e já sem forças, baixinho...
já molhado da chuva, sussurou,
Deus pai, tu me abandonou...

Hugo Roberto Bher.
#O Poeta do Escuro


segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Uma Luz na Escuridão


Nas margens da água escura,
que levam os barcos da dor
Em silêncio reinventei a loucura,
Olhos mortais cegariam de pavor.

Para entender meu mundo,
e em minha mente navegar
imagine seu medo mais profundo
e faça deste o teu eterno lar.

Por isso para longe levei
Este lugar de angústia e solidão
O inferno que em mim criei
e que a saudade pintou de escuridão

Nunca permiti alguém ver
como sou assim quebrado
ninguém poderia entender
e ainda continuar ao meu lado

Mas no breu, eu vi
Tão perto, logo ali
Em meu mundo se perdeu
Aquela que me encontrou,
Uma alegria então nasceu
Trouxe luz, areia e lua...
Trouxe esperança de uma cura;
Trouxe paz a uma alma escura 
 
Hugo Roberto Bher
* o poeta do escuro

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Coisas da Noite


Com a luz sonhei,
em certa noite fria,
quando por Ela chamei.

No silêncio da agonia,
com lágrimas de dor,
mesmo sem fé, rezei.

Clamei com fervor,
pra meu anjo voltar.
Com seu colo protetor,

das sombras me salvar,
e no frio me aquecer,
e minha alma resgatar.

Não fiz jus a merecer
esta suplica que faço.
E antes de adormecer

lembrando do abraço,
pra afastar a aflição
deste peito em pedaço

soprei a tua canção,
deixei a lagrima fluir...
óh salgada maldição.

Então eu pude ouvir
uma voz calma e bela
e uma asa branca reluzir...

Sabia que era ela.
Meu escuro iluminou
como chama d’uma vela.

Por meu nome, chamou.
Falava com carinho
com ternura apontou...

Qual era meu caminho.
Mas quando entendi
que eu partiria sozinho,

No desespero caí...
e na dor me afoguei.
Não consegui partir.

Na escuridão fiquei...
Sozinho,
Quebrado...
Nas águas negras de pranto...
Sou navegante ancorado.

Hugo Roberto Bher.
#O Poeta do Escuro

01/06/2012

quarta-feira, 21 de março de 2012

Aquele que Assombra

Quando a luz se apaga,
és tu a minha presa.
Começo minha saga,
vejo-te com clareza.

Sou fantasma que vaga
no frio da escuridão...
Eu cobro a justa paga
por tua oculta podridão.

Sou a dor que te esmaga,
e te aperta o coração.
Espetarei com minha adaga
quem ousar dar-te a mão.

Não ha como escapar,
Sou a culpa que atormenta.
Se tentares barganhar
Tua punição aumenta.

Conheço tua maldade,
no espelho estarei,
refletindo a verdade,
teus crimes acusarei.

Sou a angustia que pesa,
sou o motivo da tua reza...
Sou fogo que te queima...
Sou a besta do inferno,
Que tu mesmo criaste.

Se quiseres saber,
a graça do teu carrasco,
cá entre os homens
meu nome é REMORSO



Hugo Roberto Bher
#O Poeta do Escuro

quinta-feira, 15 de março de 2012

Outrora


Outrora amei e chorei
agradecia o claro do dia
antes rezava e acreditava
Na luz eu não queimava
Minha cruz
com alegria eu carregava

Outrora...

Hugo Roberto Bher

sexta-feira, 9 de março de 2012

Sobre Mim e Sobre Você


É quando o frio espreita nossa janela,
Que lembramos que precisamos estar aquecidos.


É quando a escuridão nos envolve,
Que nos lembramos de procurar alguma luz.


É o maldito labor do relógio nos mostra,
Que não temos tanto tempo ao nosso dispor.


É quando estamos perdidos no caminho
Que nos lembramos da estrada que deixamos de seguir.


É quando estamos solitários,
Que nos lembramos das pessoas que afastamos para sempre.


***


Os gritos incessantes que nos confundem,
Faz-nos implorar pela orquestra do silêncio.


As lágrimas que rolam em nosso rosto,
Ofuscam os olhos que brilhavam outrora.


***


Os campos verdes em nossa alma, que cultivam as sementes do amor,
São consumidos pelos ramos daninhos do ódio que nutrimos.


O barco das virtudes que ostenta velas brancas e navega sobre as águas do espírito,
Perde-se nas tempestades negras dos vícios que respiramos nos dias cinzentos.


***


É quando nossa consciência vem cobrar nossos equívocos,
Que sentimos o peso da culpa e o amargo gosto do remorso.


É quando vemos a fome em nosso portão,
Que lembramos o gosto do alimento que tínhamos ontem.


É quando compartilhamos nossa existência com outrem,
Que obtemos a medida da nossa bondade.


É quando nos deparamos com nossa própria insignificância e mediocridade,
Que inventamos um deus que nos ama,

Porque já não podemos nos amar.
Um criador que lava a podridão de nossas almas,

Para que no mar de maldade nós mesmos criamos,
Não venhamos a nos afogar.


Hugo Roberto Bher
#O Poeta do Escuro