Nenhuma das vozes que posso ouvir,
dizem-me: "filho te levanta"
A alegria nas cores já não consigo sentir
As pessoas por vezes me ferem
Poucas coisas ainda não me deixam partir
Ainda espero que meus pensamentos de tudo me liberem
Tudo leva-me à beira do abismo
Se alguém eu machuquei, peço que reconsiderem,
pois sou fraco e em mim impera o ceticismo
Uma dor forte no peito
perante esse falso moralismo
O fim agora, mais facilmente aceito
A despeito de meu medo do desconhecido
quero ir em busca do que é perfeito
Aos meus amigos sou e vou agradecido
por sua paciência e amor,
seus paraísos serão merecidos
Não se deixem dominar pelo rancor
Eu ultrapassei a longínqua linha
da depressão e do pavor
Antes sempre, eis que uma solução vinha
mas não agora
A vida parece mais mesquinha
A minha vontade de ir embora
é tão grande nesse momento
Não sei como é lá fora
Perdi a noção do tempo
Acho que simplesmente parei de contar
Saudade é um terrível sentimento
Quase tudo faz-me chorar
E quando uma brisa me arrebata
e penso que irei melhorar
A dor volta e quase me mata
e outra vez, pular é minha vontade
Meu coração se dilata
Pra voltar penso que é tarde
Sei que não terei mais seu colo
Essa convicção, como fogo queima e arde
Na minha vida já fiz solo
Já toquei a harmonia
Hoje por um acorde, eu esmolo
Como uma alma sem alegria
pode ver uma luz na escuridão?
Uma noite pode ser assaz fria
O que daria pra sentir o calor de uma mão?
Toque-me com uma melodia
não me deixe cair na imensidão
Preencha esse vazio, minha guia
Mostra-me outra vez o caminho,
puxe-me num abraço pra perto daquele que tu sabes,
deu-me amor e me ensinou a vida
seu imenso e perfeito, coração...
Hugo Roberto Bher