terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O Barco, O Mar, Eu e A Noite


Eu quero voltar para casa

Há muito tempo deixei meu porto seguro,
Não apenas porque escolhi deixá-lo,
já não havia muita coisa lá para mim.
Levei poucas coisas comigo, deixei meu abrigo.

Meu barco era muito pequeno, e as velas surradas,
e eu também nem de perto era marinheiro.
Eu navegava devagar e pensei que poderia aprender
e logo no início encontrei muitos "passarinheiros".

Não demorou muito para eu perder as velas,
e então incansavelmente comecei a remar.
E foi assim que percebi o quão cruel é o mar,
que com todas as forçar quer ver-te afundar.

Meu jeito provinciano, me fez acolher transeuntes na embarcação,
tanto porque não poderia olvidar dos que precisam de ajuda no mar,
mas eu também já estava muito cansado, por tanto tempo só a remar.
Porém logo comecei a estranhar, o barco comecou a ficar mais lento,
pois meus companheiros de jornada pesavam muito, e remavam pouco.

Mas ainda sim, era muito bom sentir-me menos sozinho.
As noites ficavam um pouco mais curtas, e fazíamos fogueiras.
E assim foi por algum tempo, e pensava eu: essa é minha vida.
Mesmo não sendo o que eu esperava, era tudo o que eu tinha.

Depois de algum tempo, como acontece sempre, o mar fica revolto.
Já não era mais possível definir o caminho, as remadas não faziam efeito,
simplesmente íamos para onde éramos empurrados, e nada mais.
Infelizmente percebi que meus companheiros se jogavam do barco,
achando que logo poderiam encontrar outro com melhor estrutura.

E como eu não desisto, não apenas por ser forte,
mas por não conhecer outros meios, ou não ter escolha,
segui firme, até meu singelo barco não aguentar a jornada.
Então eu conheci o frio do mar, somado à mais profunda solidão...
e encontrava-me em algum lugar, onde as noites pareciam eternas.

Pensei que não sobreviveria à toda aquela tormenta.
Foi quando comecei a ouvir algumas vozes...eu estava obviamente insano.
Mas algo me fez querer respirar novamente, e tentei ficar firme,
precisava ficar vivo por mais algum tempo

Acabei conseguindo avistar uma ilha, e nadei com todas as forças.
Já existiam algumas pessoas lá, e logo nos tornamos unidos.
Era diferente, pois não havia necessidade de remar,
então os amigos pareciam durar muito mais tempo.

O único problema, é que não existe muita coisa aqui...
E ficar parado assim corrói minhas esperanças como ácido em tecido.
Nas noites frias, quando adormeço, vejo fragmentos dos meus sonhos
e mesmo sabendo das dificuldades, tenho medo de desistir deles.

Eu quero apenas voltar para casa...
e o que mais dói em mim,
é saber que minha casa, não existe mais.



Hugo Roberto Bher


quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Dos Meus Monólogos com Deus


Grande pai amado, deus dos homens
todas as noites grito por teu nome
quando em repouso no meu leito
com as duas mãos juntas no peito

procuro pensar em como és,
mas A nada És comparado
nada chega aos teus pés
nada caminha ao teu lado

de tudo entre o céu e a terra
dizem-te supremo senhor
referem teu nome ao "puro amor"
e alguns por ele fazem guerra

muitos lutam por algo que não vêem
parece-me que chamam isso de fé
dizem que em suas vidas te sentem
e pagam bençãos com dinheiro, até

eu fico aqui, contigo a falar,
às vezes com vontade gritar
Um estranho monólogo sem fim
que faço para que respondas a mim?

Mais alto não posso gritar,
e da sua língua estou aquém
meu pensamento tu não ouves
ou esquece-me, quando digo amém

Hugo Roberto Bher