segunda-feira, 27 de abril de 2009

Pensamentos Dispersos...


Um vazio pode ser preenchido?
Mesmo um vazio tão grande?

Se fosse como um papel, poderia preenchê-lo com palavras...
Mas assim como as palavras deixam entrelinhas,
O tempo passa e não me completa totalmente.

É assim mesmo que deve ser?


Muitas vezes as coisas que faço para ficar bem, parecem subterfúgios, para fugir da constatação de que a felicidade plena, não pertence a este mundo.
Você irá procurá-la, assim como eu, mas, por favor, diga-me, se um dia encontrar.
O mesmo eu farei.
Os tempos de angústia parecem sempre mais duradouros...
As sensações de alegria e plenitude sempre mais fugazes.

É assim mesmo que deve ser?

Não há para onde fugir,
As dúvidas estão dentro de nós.
Nem sempre há forças para lutar...

Os amigos às vezes se afastam,
E a solidão se instaura, e às vezes se enraíza.
Os sonhos ficam cada vez mais distantes de nossa realidade...

A hipocrisia aparece.
As respostas desaparecem.
O vazio novamente cresce.

É assim mesmo?

Por que quanto mais eu conheço, mais dúvidas surgem?
É assim mesmo que deve ser?
E por que não me respondes?
Como faço para chegar mais perto de ti?

Seria tão mais fácil se soubesse os propósitos da minha existência,
Seria talvez mais fácil entender, o que de tão errado devo ter feito para estar aqui...
Será que tais propósitos existem, ou estamos aleatoriamente dispersos neste mundo?

Será que nossa própria inteligência e consciência são oriundas somente da evolução da própria matéria universal?

Somos filhos da inteligência e energia suprema, ou somente matéria evoluída ao acaso?

Até que eu entenda,

Amar-te-ei com todo meu ódio, e odiar-te-ei com todo o meu amor...
Pois estes sentimentos são reais, e eu posso distingui-los...


Hugo Roberto Bher.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Trajetória de um anjo...


Meus caros,
Contar-lhes-ei uma breve estória. Prometo que será breve.
Não sei se deveria, mas farei.

Meu nome é Mattheus.

Nasci em Portugal, há muito tempo. Não serei bem específico, pois estejam certos, detalhes não importam tanto nesta minha narração, e bem vos digo que não faz diferença o local onde nasci e cresci, pois todo este planeta é uma prisão. Uma esfera de vícios. Um grande círculo vicioso.

Quando pequeno, achei que houvesse algo errado comigo, pois de tudo eu conhecia um pouco.
Sabia das artes, das ciências e profundamente entendia a natureza humana, e isso era algo que eu gostaria de não saber.
Eu conhecia a matemática e a física, e com facilidade eu entendi as teorias dos grandes gênios que vieram para este mundo antes de mim. Conhecia muitas línguas, as palavras e seus significados.
Eu sabia das estrelas e da lua, das marés e do sol; dos desertos e dos oásis, e também dos sultões.
Não sei como poderia saber tanto, mas simplesmente sabia. E aceitava saber, porém a única coisa que eu não sabia, era onde poderia aplicar tanto conhecimento.
Quando fui jovem, ocupava meu tempo em um monastério, num lugarejo afastado da cidade onde nasci. Não porque era religioso, mas eu adorava aquela biblioteca.

Eu sabia de muitos “porquês” e muitos vinham até mim.

Próximo de completar 17 anos terrestres, tive uma revelação, e não foi difícil aceitar minha missão.
Foi-me dito que eu deveria tornar-me humano para conhecer o mundo e as pessoas, sua natureza, seus medos e todas suas angústias, e de certa forma avaliar as condições desta Terra, e na forma de um relator, deveria dizer à inteligência suprema, causa de tudo, as minhas conclusões.

Quando deixei meu corpo e retornei ao verdadeiro mundo do criador, após um breve período de recuperação, fui chamado à minha responsabilidade.

Eis o que disse:

Meu amado pai, que causa de tudo és...
Tornei-me humano e é com felicidade que deixo o mundo das criaturas para voltar a este plano espiritual...
Não sei se o que ouvirás é aquilo que esperavas...
Mas eu direi...

Eu via a dor,
A dor e a tristeza...
Eu vi os homens invejando uns aos outros...
Eu vi a angústia, o desrespeito e a desunião.

Eu vi seus filhos, sim, seus amados filhos, matando uns aos outros,
E matando também a nossa mãe natureza...
Eu os vi poluindo as águas que criastes,
Matando nossos irmãos, os animais.

Eu os vi envenenando o próprio ar que os mantém vivos, e me perguntei: como pode tamanha imbecilidade?
Eu vi barbáries cometidas por homens, que nem assim deveriam ser chamados, e sim de monstros...

Eu vi mães assassinando seus próprios filhos, a estes a quem deveriam cuidar e proteger.

Eu vi a fome e a miséria,
E pude contar as costelas saltadas aos olhos de várias crianças...
Eu vi o roubo e a ganância...
O egoísmo...a maldade
Vi os abusos dos reis, perante seus povos...
Os olhos esbugalhados de uma criança da África, e sua pele sobre seus ossos, gritando silenciosamente, implorando comida.

Eu vi algumas coisas boas, é claro, mas confesso, infelizmente, foram poucas.

Eu vi a tristeza de Ghandi, depois de ter sido baleado.
Eu vi homens que criavam armas de destruição em massa, ao invés de alimentar o seu povo.
Vi muito sangue na espada de Alexandre, o Grande...seria mesmo grande?

Eu vi a loucura nos olhos de Napoleão, quando derrotado em Waterloo...

Eu senti muitas vezes o pecado na minha própria carne, e muitas vezes eu mesmo sucumbi aos vícios de propriedades humanas.

Eu vi Ricardo Coração de Leão, lutando com Saladino em nome da Terra Santa...
Mas toda terra é santa, meu senhor, pois tu criastes, mas não é assim que os homens vêem.

Eu conheci o fascismo de Mussolini, e o nazismo de Adolf Hitler...
Conheci Dachau, e uma vez o próprio Führer olhou-me nos olhos por um momento.
Eu também vi um sorriso cínico na face da morte quando esta esperava para levar sua alma podre para o umbral...

Eu vi gênios sendo taxados como loucos, quando queriam apenas colaborar para a evolução da humanidade.

Eu vi mulheres sendo queimadas na fogueira, pela “Santa” Inquisição Católica
Ouvi loucuras de homens que matavam civis, dizendo-se seus filhos, meu amado pai, e ainda dizem que fazem isso em seu nome.

Eu vi um soldado de Israel venerando a Estrela de Davi em seu braço, orgulhoso, e 100 afegãos mortos bem à sua frente.


Oh Deus, eu vi crianças com armas nas mãos, e ouvi grupos falando de um futuro melhor...
Será que eles conhecem a realidade ou estão se enganando?

Os homens veneram a futilidade, e ignoram o conhecimento.

Bem aventurados sejam os poetas, que amenizam a dor dessa realidade e nos trazem um mundo perfeito, no imaginário...

Senhor, façais o que quiseres, mas por favor não mande-me de volta...
Guarde em seus braços, as melhores almas...cuide delas, com todo o amor que existe em ti...
Cuidai de minha Mãe...

Mais palavras não fazem jus à minha dor...

Hugo Roberto Bher

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Lágrimas...


Se existe coisa mais frágil do que esta vida, por favor, diga-me...
Oh esse a quem todos chamam de deus,
Acha-me digno de conhecer alguns de seus desígnios?

Sou mesmo, pois, seu filho?
Não faço-me aqui, assaz curioso...
Apenas diga-me...

Por que me trazes tamanha dor, e ainda cobra-me tamanho preço, levando minha alegria?
Por que leva as minhas cores, e me traz apenas o cinza?

Malditos sejam todos os seus ceifadores...

Um dia me ensinou a sentir o perfume das rosas, e hoje sinto apenas o vazio...
Um vazio imenso, que não me ensinastes a preencher...
Amargo é meu paladar...sempre amargo

Mas não tem problema não é mesmo?

Pois o vazio fica cheio de saudades...
Ah, não me deixo esquecer as lágrimas...elas também ajudam a completar o vazio.
Um rio de lágrimas, cuja nascente não conheço...sei apenas que elas teimam em cair dos meus olhos, e que fluirão por muito tempo.
Meu rosto ficará sempre molhado?

Levastes meus sonhos e me mostrou apenas uma dura e crua realidade.

Hoje sou dor, solidão e saudades...
Sou lágrimas..
Sou lembranças que o tempo nunca vai apagar..

De quem são essas mãos que agora apertam o meu peito, e que fazem meu coração em pedaços?
Não quero acreditar que são suas.

Tu colocas um peso enorme sobre meus ombros,
Vê as minhas pernas tremerem,
A sim, eu sei que vês, pois, tudo vê, não é mesmo?

E se ainda sim eu não caio, se me faço forte,
Sinto meus ombros pesarem novamente, ainda mais...
Queres me ver fraquejar?


Hugo Roberto Bher