segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Sonhos de um Menino

Ele era menino,
com um sorriso no rosto.
Ele era menino,
e brincava com sua mãe...
de um jeito dengoso.

Ele era menino,
e sonhava mais que o normal...
queria ser médico, bombeiro,
queria jogar bola, ser astronauta...
andava descalço e queria um bom calçado.
Queria estudar e ser letrado.

Ele era menino,
e queria namorar a menina da praia,
queria comprar uma casa e uma televisão.
Ele era menino e passava fome,
uma vez roubou um doce, e apanhou do seu João.

Ainda era menino e sentiu tantas dores,
quando de repente perdeu seus amores...
seu paizinho e mãezinha, algumas balas perdidas,
a revolta tomou seu coração.

Ele ainda era menino,
mas agora era o Zezão, o rei do pedaço.
Não tinha mais jeito de dengo,
mas tinha uma pistola automática.

Ele queria ser médico,
e agora tira vidas...
Queria ser bombeiro,
e agora incendeia casas.

Ele queria jogar bola,
mas sabe fazer um belo baseado...
queria ser astronauta,
mas tem uma bela vista de cima do morro.

Ele ainda não sabe ler,
mas sabe administrar os negócios,
e também tem belos calçados.

Ele já não era mais menino,
e nem inocente era mais...
Por dívidas erros, aos seus 33 perdeu a vida...
Mas não havia cruz, apenas seus algozes a julgar...
E numa pilha de pneus virou cinzas...

E José não será lembrado, nem seus olhos de menino...
nem seus sonhos de papel, nem seus dengos de criança,
apenas um ou outro ato cruel, de alguem à revelia.


Hugo Roberto Bher

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Anjo Negro



Como fosse uma amaldiçoada criatura,
quando faz-se noite nos confins da Terra,
um teatro de sombras e de amargura,
trava dentro de mim uma Guerra...

E todos os medos confundem meus passos,
e os meus olhos emanam tristeza...
me sinto longe dos seus abraços,
não consigo mais ver com clareza...

eu apenas aquieto-me e aceito,
e no mundo dos sonhos eu me deito,
tentando esquecer as dores no peito,
e acreditando ainda em algo perfeito...

Anjo negro, que a noite espreita-me,
pensa que não percebo tua presença?
quando estou triste tu aceita-me,
está aqui pra dar-me a sentença?

Não entendo porque aproxima-se de mim
Penso que minha vida errada te atrai,
mas da minha vida, ainda não é o fim,
e minha alegria a cada dia se esvai...

Anjo escuro, empresta-me tuas asas,
para ao menos eu poder voar,
para longe dessas coisas falsas
quem impedem-me até mesmo de andar...

empresta-me também tua adaga,
pra que eu sinta-me forte agora
e acabe com essa dor que me esmaga,
e avise a morte...ainda não é minha hora.

Hugo Roberto Bher

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Uma Manhã


era apenas uma manhã cinzenta,
quando eu decidi amar você...
e teu rosto brilhava tanto,
talvez apenas pra mim...
você era aquilo que eu precisava

e eu sei, que você não acreditou,
também nunca alguém acreditou em mim
isso é minha culpa, eu sei, amor...
mas aos poucos você me fez acreditar

você me deu razões para acreditar,
que eu podia ficar bem ao seu lado...
e eu poderia compartilhar meu mundo
e você brilharia todas as manhãs

e depois de tanto navegar, eu senti...
o acalento de um porto seguro...
e o tempo que durou, foi pra sempre,
vai ser pra sempre, pra mim

você estava no cais, chamando por mim,
e com seus olhos, eu sei, me pedia pra ficar...
eu estava calejado, e pensei não ter forças
pra sentir tudo que foi sentido...

era apenas uma manhã cinzenta,
quando os seus olhos mudaram...
seu rosto ainda brilhava...
mas você já estava longe

eu apenas te pedi,
pra me olhar mais uma vez,
com os olhos daquela manhã...
mas é impossível, eu sei

e depois de tanto navegar, eu senti...
o acalento de um porto seguro...
e o tempo que durou, foi pra sempre,
vai ser pra sempre, pra mim

em todas as minhas manhãs...
eu ainda espero por você,
mesmo sem querer, mesmo odiando...
mesmo querendo, apenas te esquecer...