segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Ainda Saudades...


A saudade ainda machuca tanto...
o tempo leva parte da dor no peito,
mas também nos distancia,
levando algumas memórias...

Era doce quando via-te todos os dias,
quando com suas mãos tocava-me,
transbordando todo seu carinho.

Tu sabes que meu maior milagre,
foi ter vivido ao seu lado...
com seus olhos velando meus passos...
com seu sol iluminando minhas noites

E como eu queria que deus ouvisse-me,
e concedesse-me apenas mais uma vez...
aquele seu abraço, o meu eterno manto.

Hoje ouço sua voz na música,
vejo seu rosto nas palavras,
os teus olhos nas estrelas...
sinto seu abraço na brisa da noite...
e seu cheiro nos jasmins...

Eu gosto de pensar que ainda me ama,
e que ainda assiste meu caminhar...
que está na mão amiga de que me consola,
e naquele alívio que sinto depois da dor...
ou no sol que nasce, depois do longo breu

Mãe, eu não sei rezar...
apenas tento escrever-te
mas seu amor, e as saudades que sinto
são as únicas coisas no meu mundo...
que não consigo expressar em palavras...


Hugo Roberto Bher

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Piegas


Das coisas mais simples e belas da terra,
é para o teu rosto que presto-me a olhar.

E de todas os sons e poemas das águas,
é a tua voz que faz-se pra mim,
a melodia que inspira minhas canções.

De todas as libidos que incitam o pecado,
teu cheiro é que embriaga-me todos os sentidos
fazendo-me, oras fora de mim, simplesmente
olhar teu corpo e pensar em como satisfazer-te.

E todas as rimas que aprendi a cantar,
falham ao tentar descrever com precisão,
a perfeição da tua forma assimétrica.

Confunde-me a razão o brilho dos teus olhos,
que fazem-me olhar para dentro de mim mesmo,
toda vez que tento desvendar-te um pouco mais.

Talvez por isso eu apegue-me,
à todas as coisas da imaginação...
a tudo que faz-se abstrato e ininteligível,
para entender como causas em mim
tamanho fascínio e admiração.


Hugo Roberto Bher

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

As Coisas e Eu


O relógio quebrado,
...tem muito a ver comigo...
tal como ele, parado no tempo,
vivo todas as noites no meu quarto,
as lembranças do teu corpo,
meu eterno abrigo.

O pássaro ferido,
...tem muito a ver comigo...
que nasceu para voar bem alto,
mas está olhando a todos do chão,
seu pior castigo.

Aquela estrela distante no céu
...também tem a ver comigo...
que brilha tanto quanto pode,
mas quando poderia alcançar teus olhos,
você está dormindo.

Aquele palhaço que chora, adivinha...
...tem muito a ver comigo...
que tenta agradar a todos no seu circo,
mas depois sente o vazio, por não poder,
simplesmente estar contigo.

A espada do guerreiro
...tem muito a ver comigo...
que na luta pela paz ou glória,
move-se com maestria na batalha, mas traz,
muito sangue consigo.

mas o cajado do pastor,
...também tem a ver comigo...
que é usado para guiar o seu rebanho,
mas também pode virar arma, e num lampejo,
ferir o inimigo.


Hugo Roberto Bher.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Coisas de Poeta II


Tão frio dentro do meu quarto...
Tão frio dentro de mim mesmo.
Tão sozinho apenas comigo
Pensando em um mundo que não é meu,
Em um mundo ao qual não pertenço.

Sem saber pra onde ir e como agir...
carregando no peito o peso de um grande vazio.
Tentando suprimir a solidão para que ela não me mate,
buscando em vão que as pessoas me entendam

Pedindo para que a noite não acabe...
Para que o sol não machuque meus olhos,
Porque o calor do dia não aquece minh’alma...
Porque a luz do sol não afasta minhas sombras,
Porque sou poeta do escuro, e assim vejo melhor.

Sou amante do cinza, pois as cores me confundem...
Sou amante da noite, pois ela equipara tudo...
Deixando tudo negro, como sou por dentro,
Fazendo-me sentir mais verdadeiro e sem medo.

Antes de a Aurora anunciar o amanhecer,
Sinto-me mais próximo de casa,
Onde não preciso esconder meu vazio...
Tão grande que poderia assustar as pessoas desse mundo.

Sou poeta da noite porque falo das dores,
Muito mais do que dos amores...
Pois as dores duram mais tempo,
E crescem na mesma proporção do quanto se amou um dia.

Sou poeta da alma, porque o corpo não diz tudo...
Sou poeta dos olhos, porque a boca mente...
Sou poeta das mãos abertas, que acariciam o rosto,
Porque os punhos cerrados machucam quem não merece.
Sou poeta dos sonhos, porque no mundo real eu não posso voar.

Sou poeta da morte, porque a vida é sua escrava e sua amante,
correndo lentamente ao seu encontro, a cada segundo do dia.


Hugo Roberto Bher