terça-feira, 5 de outubro de 2010

Coisas de Poeta II


Tão frio dentro do meu quarto...
Tão frio dentro de mim mesmo.
Tão sozinho apenas comigo
Pensando em um mundo que não é meu,
Em um mundo ao qual não pertenço.

Sem saber pra onde ir e como agir...
carregando no peito o peso de um grande vazio.
Tentando suprimir a solidão para que ela não me mate,
buscando em vão que as pessoas me entendam

Pedindo para que a noite não acabe...
Para que o sol não machuque meus olhos,
Porque o calor do dia não aquece minh’alma...
Porque a luz do sol não afasta minhas sombras,
Porque sou poeta do escuro, e assim vejo melhor.

Sou amante do cinza, pois as cores me confundem...
Sou amante da noite, pois ela equipara tudo...
Deixando tudo negro, como sou por dentro,
Fazendo-me sentir mais verdadeiro e sem medo.

Antes de a Aurora anunciar o amanhecer,
Sinto-me mais próximo de casa,
Onde não preciso esconder meu vazio...
Tão grande que poderia assustar as pessoas desse mundo.

Sou poeta da noite porque falo das dores,
Muito mais do que dos amores...
Pois as dores duram mais tempo,
E crescem na mesma proporção do quanto se amou um dia.

Sou poeta da alma, porque o corpo não diz tudo...
Sou poeta dos olhos, porque a boca mente...
Sou poeta das mãos abertas, que acariciam o rosto,
Porque os punhos cerrados machucam quem não merece.
Sou poeta dos sonhos, porque no mundo real eu não posso voar.

Sou poeta da morte, porque a vida é sua escrava e sua amante,
correndo lentamente ao seu encontro, a cada segundo do dia.


Hugo Roberto Bher

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