Não há mudança, no embalo da dança,
com movimento sutil, a me embalar
a cortina se fecha, tu não deixas brecha,
com precisão de flecha, a me acertar.
Atrás das cortinas, pego-me a calar
para esse espetáculo, nosso, particular.
És tu sombra fria, forte e vazia,
que da luz quer longe me manter.
Vou me perdendo, sem rumo correndo
assim percebendo, mesmo sem querer,
que assim desse jeito, é difícil vencer
e não posso ser fraco, não posso ceder.
Do anoitecer, até antes do amanhecer,
és Rainha, e nesse teatro, reina soberana.
Rápido caminha, e meus passos adivinha.
Às vezes confidente minha, como quem ama,
outras vezes me sufoca, me engana.
Seguimos assim, nossa relação insana.
Teatro das sombras, oras me assombra.
Fico paralisado perante o público meu,
escuridão desconhecida, solidão incontida
minh'alma destemida, perdida no breu.
Estranhamente meu público cresceu.
Em suma, és tu sombra, parte do meu Eu.
Hugo Roberto Bher.
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