domingo, 16 de outubro de 2011

O Valor de Uma Alma Escura


No meio do caminho,
que a noite assim perfaz,
ao encontro do dia, sagaz
estava eu, em meu ninho

buscando no leito, paz
mas em sonho, desperto
e havia alguém perto
com aparência austera

bem aparentado era
e afagando seu terno,
um olhar assim paterno,
disse-me que eu o conhecia.

Que era o Homem de Baixo
e o seu nome não diria.
Seu rosto abrandou meu medo
mas de fato, sim eu sabia...
de súbito entendi o enredo,
O diabo minh'alma queria.

Ele, educado, ora arrogante
Eu com meu peito arfante
Em suas mãos, uma quantia
Em meu rosto, agonia

Disse ele: escolha não tem
tua alma, para baixo, não volto sem.
Eu, sem ter a quem suplicar
Pois nunca prestei-me a rezar

Barganhei a eternidade amaldiçoada.
Peguei da sua mão, a maldita paga.
E para selar o pacto, um beijo,
meu triste fim agora prevejo.

Então, assim que sentiu meu gosto,
o horror extremo tomou seu rosto.
Do que ele viu, esperava o oposto.
Tão logo, desfez o antes proposto.

Diz-me então, por fim:
Donde vem escuridão assim?
Tua alma é podre,
Até mesmo para mim.

Hugo Roberto Bher
#O Poeta do Escuro

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